domingo, 1 de maio de 2011

TimeLine Sega: Parte II - O primeiro console doméstico da empresa


A gigantesca quebra da Atari impactou diretamente nas vendas de outros setores da indústria dos games, assustando os investidores. O "crash de 83" ficou conhecido como a era negra dos videogames, mas para o mercado japonês, o susto veio no início de 1982, com uma grande queda na venda das maquinas de arcade. Com o mercado de consoles na América do Norte completamente desacreditado, as duas gigantes do arcade, Sega e Nintendo, viram o mercado caseiro japonês como a sua próxima fronteira. Sua rivalidade duraria quase duas décadas.

O negócio de videogames caseiro japonês ainda estava engatinhando, sem ter tido um console que tivesse sido um grande sucesso, como os EUA tiveram com o Atari 2600, mas as duas gigantes do arcade estavam prontas para mudar isso quase que simultaneamente. Na verdade, os seus sistemas caseiros foram lançados exatamente na mesma sexta-feira, 15 de julho de 1983. A Nintendo lançou o Family Computer (abreviado como Famicom, NES para os americanos), e a Sega lançou o SG-1000.
Sega SG-1000
Não é preciso dizer quem ganhou essa batalha. O hardware do SG-1000 não mostrava nada do espírito de revolução que a Sega sempre trouxe em seus arcades, o aparelho era parecido com o velho ColecoVision (concorrente do Atari) e com os computadores MSX. Enquanto a Nintendo tinha sprites multicoloridos e, mais importante, suportava desde o início, jogos com rolagem lateral suave, o que fazia os jogos simples como os dos arcades do início dos anos 80 parecerem ultrapassados. Embora muitos não tenham percebido no momento, a mudança para gráficos de rolagem provou ser tão crucial quanto o salto para o 3D, anos depois.

Com a mídia levando todo mundo a acreditar que os videogames eram uma moda passageira, e recessão no mercado de arcade que começou um ano antes do acidente em 82, a Gulf + Western ofereceu a David Rosen a chance de recomprar a empresa que ele ajudou a fundar. Os 38 milhões dólares pedidos eram demais para Rosen bancar sozinho, mas a empresa tinha arrecadado US $ 214 milhões em 1983, e Rosen sabia que ela tinha futuro, independentemente das tendências da indústria naquele momento. Então, ele e Hayao Nakayama (citado na parte 1), reuniram um grupo de investidores, incluindo um grupo chamado CSK Holdings, liderado por Isao Okawa, que compraram e assumiram a empresa. Nakayama foi nomeado CEO da nova e independente empresa japonesa, e Rosen foi para Los Angeles cuidar dos assuntos de exportação da empresa.

Rosen e Nakayama tinham uma parceria única. Sua amizade e rivalidade moldaram o futuro da empresa através de seus melhores anos. Rosen foi um homem calmo, contemplativo, que serviu como arquiteto da empresa, enquanto Nakayama era destemido, apaixonado e implacável. Os dois eram conhecidos por serem competitivos, mesmo quando seus objetivos eram os mesmos, mas eles tinham um grande respeito um pelo outro em todos os momentos.

Ao perceber que os os mercados americano e europeu de games estavam indo na direção dos computadores domésticos como o Commodore 64 e ZX Spectrum, a SEGA tentou pular a bordo com o SG-1000 Mark II e o SC-3000, que adicionaram as funcionalidades de um computador, mantendo a compatibilidade com a biblioteca de jogos existente. A medida não funcionou muito bem fora da Nova Zelândia e Taiwan, e a plataforma ficou estagnada em seu país natal.
SG-1000 Mark II e SC-3000

O SG-1000 não foi um sucesso em termos de mercado, mas foi uma experiência valiosa para a empresa. A sega estabeleceu uma nova divisão de pesquisa e desenvolvimento para consoles, e algumas das maiores mentes criativas da companhia começaram a trabalhar com o hardware do SG-1000 . Yu Suzuki portou dos arcades seu primeiro jogo, Champion Boxing, para o SG-1000, e o criador de Sonic, Yuji Naka, produziu seu jogo de estréia, Girl's Garden, exclusivamente para o console.
 Champion Boxing e Girl's Garden

Apesar de ser um console inferior para a época, os desenvolvedores da Sega foram capazes de fazer algumas proezas impressionantes com o hardware. Jogos como Orguss, com o seu deslocamento lateral suave (UAU!!!), e Doki Doki Penguin Land, com seus enigmas complexos, pareciam ir muito além da da geração em que o console se enquadrava. Houve até uma conversão impressionante do shooter "3D" de arcade Zoom 909 (Buck Rogers).

Com o SG-1000, a SEGA construiu a infra-estrutura que ajudaria no sucesso dos seus esforços futuros no mercado doméstico. Não importa muito que o próprio sistema não tenha sido um sucesso, pois a SEGA tinha ganhado algo muito mais valioso.

Fim da parte 2. Na parte 3 será falado do lançamento do Master System e suas principais franquias.

Fontes: IGN e Sega Retro (ingês)



Um comentário:

  1. SG1000 era tão, mas tão similar ao Colecovision internamente que em Taiwan teve um adaptador de cartuchos de Coleco para o SG1000.

    Essa estrutura de computador também foi seguida pela Coleco, com o Coleco Adam que era o SC3000 do Colecovision.

    Quem se deu bem nessa, foi o MSX, que recebeu ports das duas plataformas, inclusive com jogos da própria Sega que portou o catálogo quase inteiro do SG1000.

    ResponderExcluir

Deixe aqui um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...